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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tudo ia indo muito bem dentro do Jalapão...

Pois é, meus amigos, estava tudo belezinha. Chegamos em Mateiros por volta das 17:00 depois de uma belo banho na Cachoeira da Formiga e depois no Fervedouro.  Cidade bem mais agradável e mais "atualizada" que São Félix do Tocantins, Existem várias pousadas, algumas novinhas, inclusive com conexão wi-fi. Tiramos algumas fotos da Cidade para mostrar.



Logo que chegamos conseguimos uma bela pousada para permanecermos, pois era nosso programa, já no dia seguinte seguir até as Dunas e depois a famosa Cachoeira da Velha. Assim que nos instalamos na pousada, o dono, um rapaz muito simpático chamado Tiago, nos informou que por muito pouco não cruzamos com uns ladrões. Como? Ladrões? No Jalapão? Não seria possível! Nós que saímos da cidade grande para fugir de barulho, trânsito e violência, haveríamos de achar logo aqui no nosso “Jalapa”? É muito azar mesmo!
Isso mesmo! Acontece que houve um assalto (saiu até na Rede Globo, no Jornal Hoje) no dia 08/02/11 a uma agência do Banco do Brasil, na cidade de Formosa do Rio Preto-BA. Os ladrões, na fuga, abandonaram um dos carros e atearam fogo ao mesmo, fugindo em um único carro, uma Caminhonete HILUX SRV verde, ano 2007. Acontece que logo após chegarmos à cidade de Mateiros, paramos em algumas pousadas para avaliar instalações e preços. Nesse momento, eles chegaram à cidade, perguntando qual o caminho para chegar em Ponte Alta do Tocantins e foram embora. Ficamos um olhando para a cara do outro, o que fazer agora? Os caras haviam ido exatamente na direção em que iríamos no dia seguinte. O nosso anfitrião, que era bastante apressado em nos dar notícias, coisa que logo o chamamos de “Tiago News”, pois a cada hora havia um plantão de novidades! E as notícias que chagaram não foram nada boas! Os caras haviam chegado em Ponte Alta e trocaram tiros com a polícia, pois encontraram-na já esperando. Com isso, eles pegaram o caminho de volta (de volta para onde estávamos!). Isso mesmo! Ficamos em pânico. Disseram ainda que dois integrantes do bando, na troca de tiros com a polícia, fugiram pro mato, e estavam soltos por lá. A cidade então se escondeu logo cedo. Começou a chegar todo tipo de polícia que podia haver dos Estados que estavam envolvidos, que era o PI, TO e BA. Além deles, estava chegando uma polícia chamada “polícia do cerrado”.  Segundo ele, uma polícia bastante ostensiva e atuante no ato de procurar criminosos numa área remota e de difícil acesso como o Cerrado Brasileiro! Imagina cruzar com uma blitz dessas no meio do deserto do Jalapão? Até explicar que éramos apenas turistas, já teríamos passado um bom susto. Bom, escondemos o nosso carro nos fundos da pousada e fomos dormir para aguardar notícias no dia seguinte, que não seriam nada animadoras!
No café-da-manhã, o Tiago, já trazia as notícias. Os caras realmente haviam retornado à nossa cidade e na entrada, trocaram tiros novamente com a polícia e entraram na cidade, abordaram uma casa de um morador em busca de comida. Abasteceram seus estômagos com o que conseguiram e voltaram na direção de Formosa do Rio Preto-BA. Havia agora outro problema para eles, seu combustível já devia estar nas últimas e eles precisariam trocar de carro ou abastecer. Decidimos que devíamos ir até a delegacia, onde fomos muito bem recebidos e devidamente orientados. Lá nos informaram que eles já haviam abandonado o carro a uns 20 km da Cidade de Mateiros e estavam nos matos. Disseram-nos também que era “tranqüilo” ir na direção oposta da deles, ou seja, ir para as Dunas. Dito isso, fechamos acordo que iríamos até as Dunas, mas infelizmente a Cachoeira da Velha, ficaria para outra, pois era já bem próxima a cidade de Ponte Alta e não gostaríamos de arriscar. Ufa, pelo menos um alívio momentâneo. Puxa vida, a gente vem de tão longe procurando paz numa área isolada como essa e ficamos presos no meio de ladrões? É muito azar!
Bom, pessoal o passeio paras as Dunas foi lindo. Embora o tempo não tenha ajudado, pois chovia bastante, assim fomos como podem ver nos vídeos abaixo.



Chegando lá, como sempre, pagamos a entrada (adivinhem o preço?) e caminhamos até as Dunas onde as fotos abaixo falam melhor e mais si mesmas.

Passamos todo o dia lá e voltamos na hora do almoço. Mas como não estava programado ir almoçar (nas cidades do Jalapão, não há comida pronta, pois não há demanda local, a não ser que você encomende) Como chegamos meio em cima da hora, nossa amiga Tia Rosa teve que dar um jeito, fazendo comida às pressas, no que ela chama de panela de “avexame” (panela de pressão).

Como já tínhamos decidido que nossa aventura no Jalapão já havia terminado e que no dia seguinte iríamos zarpar, aproveitamos o resto do dia para visitar o artesanato local com Capim Dourado, que é muito bonito, levando algumas lembrancinhas, ganhando alguns pontos com a “mulherada” que ficou em casa, né?!

A VOLTA
O dia seguinte amanheceu tenso para todos nós, afinal, iríamos passar pela “faixa de gaza” do Jalapão naquele momento. Como não podia deixar de ser, fomos até a delegacia para nos assuntar com a “volante” sobre as novidades e do nível de segurança que teríamos ao sair. Eles nos deram tranqüilidade para seguir viagem, orientando a “não dar carona” a ninguém que aparecesse. Carona? Nós? Imagina só!
Bem, daqui pra frente, vale a pena para mostrar como é a estrada e que é uma excelente alternativa para quem quer sair do Jalapão por Mateiros, em direção ao Leste, saído na divisa BA/PI, no entroncamento Coaceral/BR 135, como podem ver no mapa abaixo (no mapa ver o primeiro ponto e traçar uma linha reta para Formosa do Rio Preto e avaliar o que economizamos de chão. Se ampliar a imagem, verá as estradas carrocais marcadas).





Logo depois que acaba a estrada de cascalho e barro, entramos na área das fazendas de soja, onde aparecem várias piscinas de lama e atravessá-las leva tempo. Pegue informações nas fazendas ao longo do trecho para confirmar sua rota, mas em termos práticos, é o seguinte: se houver bifurcações, pegue sempre à direita. Subimos novamente uma pequena serra (nada comparada a subida da Serra da Aleluia) e depois de muito visual de soja, finalmente passamos pelo povoado de Coaceral e chegamos de volta ao “chão preto”, como eles chamam no Jalapão o asfalto. Daí, até a BR135 são apenas mais míseros 90 km bem esburacados. Daí em diante seguimos rumo 2ª parte do nosso passeio, que foi conhecer o Parque nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato-PI, e como o objetivo desse blog era relatar o Jalapão, ficaremos por aqui. Aqueles que queiram mais informações, tanto do Parque nacional da Serra da Capivara, quanto do Jalapão, podem nos mandar e-mails que teremos o maior prazer em responder.

Um grande abraço a todos e obrigado por terem visitado nosso blog.

A estrada Inicialmente é muito boa, podendo imprimir velocidades acima de 70 km/h. Nós como estávamos fugindo/saindo da área de conflito, andamos um pouco amais que isso. Uns 80 km adiante, a estrada cai um pouco a qualidade, como podem ver nos vídeos abaixo.

Experiência 4x4!


Pessoal,  como não poderia deixar de deixar um registro sobre esse assunto aqui, resolvi dedicar uma postagem inteira sobre o tema 4x4. Gostaria também de esclarecer mais uma vez para qualquer um que queira vim visitar o Jalapão, que a aventura 4x4 se dá para entrar no Jalapão, e por onde viemos. Fora isso, praticamente (a depender das chuvas) não se usa 4x4.
Eu nunca havia possuído um veículo com tração nas 4 rodas, muito menos uma caminhoneta a diesel. Depois que adquiri a minha Pajero, certamente tive um motivo a mais para resolver iniciar essa aventura no jalapão. Gostaria de dizer que um carro desse tipo dá uma segurança incrível para situações de estradas ruins, lamaçais, ladeiras íngremes, areal, e por vai. Especialmente no caso das caminhonetas, o conforto então é singular. Quem viajou no banco de trás, em nada se queixou, muito pelo contrário, o sistema de reclinar bancos traseiros individualmente gera uma qualidade a mais em viagens longas e desgastantes.



Bem, na viagem ao jalapão, muitos podem achar que fomos malucos e coisa do tipo. Nada disso, posso assegurar-lhes que tudo que fizemos foi dentro de um ótimo planejamento e muitos contatos telefônicos para deixar bem "amarrada" nossa aventura entre dois pontos. Conforme já disse anteriormente, quando contactamos o Jermano e o Batata, ficamos tranquilos pois sabíamos que se algo inesperado acontecesse, alguém estaria vindo ao nosso encontro.
Vejam a estrutura da ponte que atravessamos
Viver a experiência de andar praticamente dentro do mato, atravessando rios, deslizando em lamaçais ou andando enterrado em areais foi surreal! Principalmente para quem mora em cidade grande como nós. A travessia das pontes ou "pinguelas" devido a serem muito estreitas, porém, apesar da aparência eram muito resistentes, feitas em madeira de lei, foi inovador, pois a cada uma ponte havia uma maneira diferente de transpo-la. Nosso grupo foi fantástico, pois cada um dentro da sua experiência, contribuía como podia para o sucesso do nosso passeio, seja orientando caminhos, seja debatendo a melhor maneira de atravessar ou até parando, como fizemos quando apareceu diante de nós um formigueiro imenso, o qual o carro não passaria e aí tivemos que descer e analisar o que fazer.  Não adianta ter um carro bom, é preciso ter o espírito aventureiro e desbravador que tivemos dentro de nós para ir atrás. Essa é que foi a grande experiência do 4x4. Para mim, não significa ter penas um carro, mas é preciso viver o momento onde se usa o 4x4 e tínhamos tudo, um grupo solidário, um carro valente que parecia dizer para nós: "olha, estou aqui disponível pro que der e vier, não tenham medo!"

nessa parte do caminho, a chuva cavou uma vala que preenchemos com galhos de árvores.

Mostro aqui em algumas fotos o que pude sintetizar que seria esse sentimento de ter o poder de atravessar locais nunca antes pensados por um reles mortal da cidade como eu. Poder fazer isso é de uma grande sensação de valorização para o ego, pois pudemos dizer: Nós conseguimos, e fizemos por onde ninguém nunca antes o fez!

Aqui uma pequena amostra da preparação para atravessar uma ponte, se é que podemos chamar de ponte!


Alguns trechos a chuva causou estragos e aí tivemos que usar o 4x4, caso contrário, não passaríamos!
Essa sequência mostra talvez o momento de maior aventura 4x4. Uma grande subida, recheada de valas e muito barro.

Por várias vezes descemos do carro para averiguar onde e como passar.

Essa foi uma das 5 tentativas de vencer essa curva na subida da Serra da Aleluia, divisa MA-TO, vejam que o carro perdia a tração numa roda dianteira e em outra traseira. Nessa situação, sem bloqueio de diferencial, não há 4x4 no mundo que suba. Só nos restou encher com pedras os buracos par gerar tração em 3 rodas.
Clique nessa foto para amplia-la e entender o que disse na última foto. Nesse momento, vencemos a curva da subida, mostrada na foto anterior. Percebam que uma das rodas traseiras está no ar, mas como há 3 no chão, subimos. Curioso: nesse momento, o carro passou a ser "tração dianteira", pois a traseira estava ausente (no ar).


Depois da curva, veio a subida infernal para avistar o grande chapadão do Jalapão.
Nessa sequência de fotos temos a o momento da subida. Aqui o carro estava em 4x4, reduzido e com o câmbio em LOW para vencer não a subida, mas a irregularidade do terreno. O carro pulava demais, devido ao alto torque e as quedas nas valas, quando caía de uma para outra. Sem a reduzida aqui, acho que não subiríamos.

em alguns lugares a água da chuva fez estragos grandes no que podemos chamar de "caminho". Isso nos levou a ter que improvisar várias vezes.

 Aqui vemos algumas situações onde tivemos que ter muito cuidado. Essas pedras são afiadas e cortam seu pneu fácil. Não importa se você vem com pneus especiais para lama ou areia, qualquer um serve, mas o cuidado deve ser sempre redobrado nas pedras.

Em fim pessoal, foi uma experiência maravilhosa, como já disse. Aconselho a qualquer um que tenha um bom veículo desse tipo a passear pelo Jalapão e curtir o que a natureza tem para nos oferecer.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dentro do Jalapão!! Ufa, enfim chegamos!!!

Bem amigos – nada a ver com o nosso Galvão Bueno! - uma vez dentro do Jalapão, a primeira sensação que tivemos foi a de que a aventura, ou pelo menos a "adrenalina" da nossa aventura, parecia já ter ficado para trás. Isso por que, dentro do Jalapão, as estradas são muito acessíveis. São largas e de barro socado com cascalho. Em alguns momentos, dá para imprimir velocidades superiores a 70 Km/h, mas nem sempre. Passa-se por pontes e algumas "pinguelas", mas nada comparado ao que havíamos acabado de vivenciar em direção a São Félix. Vejam no vídeo abaixo, que fiz, assim que adentramos o Parque Nacional. Havíamos saído da trilha que vínhamos fazendo e entramos na estrada principal.


Uma prova de que o que fizemos foi, no mínimo, “heróico” é que, quando encontramos com o Germano e o Batata, em São Félix, eles mesmos não acreditaram que havíamos chegado. Já estavam preparados para irem nos buscar, de noite, pois havia 3 dias que eles haviam ido ajudar um outro grupo que não conseguira subir a famosa "serra da Galiléia", quando ainda estava seco; imagina então nosso grupo que havia pego a trilha bastante castigada pelas chuvas? Quando chegamos, o Batata disse para mim, (que estava guiando): "Parabéns você é piloto!! Não é todo mundo que sobe por aí, sem ajuda nossa, não!" Nossa, depois de uma declaração dessas, me enchi de realização e autoconfiança. Bem, aí fizemos aquela celebração.
Pessoal, quem quiser ir para o Jalapão aproveitando de um bom passeio 4x4, não se arrisque! Procure o Germano, através do fone (63) 3576-1099 e o celular (63) 9958-0620. Eles são pessoas maravilhosas e não cobram o absurdo que certas expedições cobram. Se quiserem, marquem com eles em Alto do Parnaíba (para quem vem do Nordeste ou Norte) e ele os esperará na cidade e guiará até São Félix do Tocantins. A dica está dada!!


comemoração regada aum bom Whyskie Escocês


Após a celebração, descanso merecido e, no dia seguinte, iríamos nos preparar para começar  a conhecer as belezas do sonhado Jalapão. Decidimos que o Batata iria nos "guiar" até a proximidade da cidade de Mateiros, pois, a conselho dele mesmo, podíamos fazer a sede da viagem e, de lá, conhecer os principais cantos do Parque. Além dessa dica, ele nos plantou a idéia de que não pecisaríamos ir até a cidade de Ponte Alta do Tocantins para seguir rumo a Bahia (Barreiras), pois já poderíamos sair pertinho da cidade piauiense de Correntes. Mais tarde contaremos como essa dica mudou nossa viagem!

Acordamos cedinho e, depois do café tomado na pousada Capim Dourado (63-3576-1064), onde fomos muito bem recebidos pela Dona Socorro, partimos para conhecer os atrativos locais. A cidadezinha de São Félix é bastante agradável e pacata. Tem uma praça bonita onde, à noite, os moradores vem passear, namorar e conversar no único barzinho que vimos por lá. Na realidade é um ponto de apoio ao turismo mantido pela Prefeitura, que fica logo em frente. Fiz um pequeno vídeo mostrando isso.





Para nossa surpresa, existem muitos locais interessantes nos arredores da Cidade de São Félix do Tocantins. Começamos pela "prainha" deles, que é o local onde brincam e descansam nos finais de semana. Local muito bonito, as margens do Rio do Sono, com estrutura para acampar e, inclusive, com banheiros.

 Logo após conhecer a "prainha do sono", fomos conhecer um dos locais mais importantes do turismo para o povo dessa cidade, na verdade uma atração bastante divulgada no Jalapão, conhecida como "fervedouros". O interessante é que não consta em nenhum guia de turismo este fervedouro próximo de São Félix, que é maior e, na minha modesta opinião, mais bonito mesmo que o de Mateiros. O Local é mantido por uma senhora, moradora, que cobra, como em tudo no Jalapão, R$5,00 por pessoa para entrar.
Vejam na foto abaixo:


Saindo do Fervedouro, fomos apanhar o Batata para conhecer outra maravilha também muito pouco divulgada no Jalapão: a Cachoeira do Prata. Esta fica a uns 15 Km afastada da pista principal entre São Félix do Tocantins e Mateiros, distante uns 18 km depois de S. Félix. Nesse trecho consegue-se avistar animais silvestres típicos do Jalapão, como a Siriema e a Ema. Entretanto, nesses trechos é que estão os maiores perigos para os automóveis. São pedras escondidas na vegetação e que são amoladas feito facas. Passamos por uma delas e foi fatal para o pneu dianteiro da nossa "1113". Mas o Batata estava lá e nos ajudou com sua prática. E, aqui, vai outra dica importante: para enfrentar situações como essas, levem 2 macacos, de preferência um hidráulico, que é pequeno. Usamos um deles para levantar o carro um pouco e o segundo para levantá-lo totalmente. Foi fundamental.


Bem, chegando à cachoeira, ficamos deslumbrados com a beleza do lugar. Aquela água cristalina, o barulho das águas, o calor alto, tudo convidando,  claro, para um bom e refrescante banho de rio e cachoeira! O detalhe é que, na queda principal de água, tem uma gruta, onde se pode entrar e tentar uma visão deslumbrante (o problema é conseguir entrar com a máquina fotográfica). Tomamos um belo banho de rio, antes das quedas e que tem uma correnteza forte, mas nada de perigoso. Água 100% cristalina. É impressionante imaginar que os nossos rios todos, no passado, deveriam ser assim! Como tratamos mal a nossa mãe natureza!






Após termos trocado o pneu, tivemos que voltar a São Félix para consertá-lo, pois não iria me arriscar em mais 80 Km, sem estepe. No caminho para Mateiros, conhecemos a famosa Cachoeira da Formiga. Esse é outro lugar deslumbrante e imperdível. Uma pequena queda de água, que cai numa piscina de águas cristalinas. Impressionante, pois a força da água, não a deixa turva, pelo contrário! Aqui tomamos outro belo banho!

Bem, saindo da Cachoeira da Formiga, fomos finalizar o dia no mais famoso Fervedouro do Jalapão, já bem perto da cidade de Mateiros. Paga-se também a mesma quantia (R$5,00), aliás, acho que é tudo tabelado por lá, (hehehe)...
O local é muito bonito e parece um santuário, localizado que fica entre inúmeras bananeiras. É uma sensação incrível. Você pisa na areia, que parecem as areias de nossas praias no Nordeste, bem branquinhas e, de repente, aparece um buraco, sem fundo! Mas você não afunda! A água lhe mantém na superfície. Foi uma das experiências mais incríveis que já passei na minha vida!! Incrível esse Jalapão!!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Saindo de casa rumo ao desconhecido

Partindo de Recife:
Saímos de Recife, no dia 05/02, às 05:00 da manhã, conforme previamente combinado pois, conforme podem ver no nosso roteiro, nossa jornada no 1o. dia seria bem puxada. Infelizmente, nosso grupo foi separado do outro carro (Ranger), pois a turma havia chegado recentemente de outra viagem e existiam complicadores de datas, envolvendo compromissos de trabalho. Bem, fomos nós mesmos sozinhos! Restou apenas a equipe Pajero.

Passamos pela região do Araripe Pernambucano, área que meu pai tinha curiosidade de conhecer, além de todo o fim do Estado de Pernambuco (Salgueiro, Ouricuri e Araripina), ostentando seu desenvolvimento e crescimento, alimentado principalmente pela indústria gesseira, pela construção da ferrovia transnordestina e da obra de transposição do Rio São Francisco.  Adentramos no Piauí, passamos pela formosa cidade de Picos e chegamos a Oieras-PI às 17h15min. Encantou-nos essa cidade, que já foi a 1a. capital do Estado do Piauí. É uma cidade antiga, do final do século 17, bem ao melhor estilo mineiro, com casas com várias janelinhas. Na praça central, temos um amplo espaço, com prédios antigos e uma pequena igreja que tem um curiosidade: ela possui um relógio que veio diretamente da Inglaterra para ser instalado e funciona até hoje.





Dando continuidade à nossa viagem, no dia seguinte, cruzamos o famoso Rio Parnaíba, que faz divisa com os Estados do PI e MA. Vale salientar que em todo o trecho percorrido pelos Estados de PE, PI e MA, as estradas estão em excelente estado de conservação, podemos dizer que estão "um verdadeiro tapete".

Até o final do 2o. dia, quando chegamos a Alto do Parnaíba, realmente nossa viagem foi deslumbrante, com trechos de muito verde e pudemos observar a mudança típica da caatinga do sertão nordestino e o começo do cerrado, típico da região central do Brasil. Registro também que o carro comportava-se como um relógio, seja em termos de consumo, seja em termos de conforto e não apresentou nenhum tipo de anomalia. O consumo médio, rodando no asfalto, girava em torno de 8 a 9 km/l. Nesse dia, chegamos à cidade de Balsas-MA e mudamos o rumo em direção a Alto do Parnaíba-MA, uma cidade onde é típica de "fim-de-linha", pois depois dela não há mais asfalto. Ou se atravessa o rio Parnaíba ou segue-se rumo ao Tocantins para o Jalapão. Era exatamente assim que queríamos fazer! Entretanto, merece destaque o caminho que percorremos de Balsas até Alto do Parnaíba. Trata-se de uma lindo caminho! Muito bonito mesmo. O trecho tem 255 km e passa por uma cidadezinha chamada Tarso Fragoso e depois é que se chega a Alto Parnaíba. A estrada está excelente. A sinalização, entretanto, é que deixa um pouco a desejar, já bem gasta pelo tempo. Depois de Tarso Fragoso, a estrada tem alguns buracos, mas nada que tire a beleza deslumbrante do visual da estrada. Na realidade, é como se fosse uma grande descida, aonde vão aparecendo as formações rochosas bem diferentes, como por exemplo, uma que, de longe, lembra a imagem da Nossa Senhora Aparecida. As rochas mais parecem "canions" com bastante vegetação, aliado a isso, claro, muitos kms de plantação de soja!




 Foi o que fizemos!
Quero também registrar aqui que, apesar de termos ido em um único veículo, não rompemos uma das regras básicas de quem viaja em trilhas ou no mato, que é ir sozinho. Conforme disse anteriormente, havíamos descoberto o Germano e o seu tio, mais conhecido como o "Batata", que hoje posso registrar como uma figura emblemática, típica da região e fundamental par quem quer ir curtindo uma aventura 4x4, pois o mesmo é um grande guia. Havíamos avisado aos mesmos que chegaríamos a cidade de São Félix do Tocantins, na segunda-feira, dia 07/02, e que pretendíamos chegar com as informações que eles nos passaram. Mais adiante estarei relatando com maiores detalhes como contatar os dois.

Aqui, então, começaria nossa grande aventura!


Saímos cedo de Alto Parnaíba, pois não tínhamos muita idéia de quanto tempo levaríamos para percorrer os aproximados 250 km entre as cidades. Apenas nos diziam que era uma estrada "carroçal" e nada mais. Sempre diziam que carros 4x4 passavam por ali sem maiores problemas. E, assim, partimos com essa concepção, como podem perceber no vídeo acima.

Os primeiros 30 km foram bastante divertidos, pois a estrada é "relativamente" movimentada com motos, D-20, e carros pequenos como Uno e similares. Esse pessoal transeunte mora e trabalha em grandes fazendas de soja das redondezas, que nos próximos dias seriam uma das principais vistas nossas em termos de paisagem. É uma quantidade imensa de plantações de soja. As fazendas utilizam as grandes planícies e plantam, junto com outras culturas, como o milho, imensidões de soja que começam nas beiras das estradas.



A nossa estrada segue um pouco acidentada por causa das chuvas que ocorreram recentemente, mas nada que atrapalhe. Nesse caminho encontraríamos alguns sítios com duas ou três casas e pessoas muito disponíveis – como este senhor da foto - para nos dar alguma informação e tirar eventuais duvidas.

 Nosso primeiro contacto com umas dessas aglomerações foi num povoado chamado "Morrinhos", onde pedimos maiores detalhes do roteiro. Lá chegando, uma senhora também muito amável, nos indicou o caminho. O Interessante é que sempre que perguntávamos pela qualidade do caminho eles meio que gaguejavam e diziam: "É..., passa sim... tem passado uns carros desses por aqui". Isso já nos deixava meio apreensivos, mas como as indicações mostravam que estávamos no caminho certo... fomos em frente.
Logo após o povoado de Morrinhos, tomamos a primeira saída, a esquerda da nossa  "estrada" principal, e para nossa surpresa, esta começava a ficar estreita, arenosa e, pior: sem apontar direção alguma. Sabe, um daqueles "desvios" que pegamos, onde existem apenas os rastros dos pneus dos carros. Era exatamente assim, como podem ver nesse vídeo.




Bem, nosso percurso continua e o moral da equipe cada vez mais alto e animado. Também um pouco meio ressabiado. A certa altura, todos nós perguntávamos em silêncio, que diabos estávamos fazendo ali. Mais adiante, chegamos ao segundo sítio-povoado, chamado de Presidência. Mais uma vez, o povo local muito simpático (quando falo do povo local, refiro-me apenas os moradores de duas ou três casas, que compõem esses povoados), repassando as informações que precisávamos e mostrando que estávamos indo na direção certa. O caminho, a esta altura, já estava ficando mais deteriorado, pois cada vez menos veículos passavam por ali. Em alguns trechos havia verdadeiras valas que faziam com que o carro rodasse alguns metros em mais de 35 graus de inclinação. Isto pode ate não ser nada para um trilheiro, mas para nossos aventureiros, já era um pouco assustador.



Até aqui o carro segue maravilhosamente bem. Para minha surpresa, apesar de estar andando com a tração ligada (muito mais por precaução do que por necessidade, afinal estávamos em terreno totalmente novo para nós e a última coisa que eu iria querer, era ficar atolado, ainda mais se eu tinha um danado de um 4x4, então essa era a hora de usar!) o carro estava trabalhando bem frio, abaixo da temperatura normal. Isso porque, quase o tempo todo não passava dos 2 mil RPM. Houve trechos onde improvisamos, pondo galhos de árvores nas valas abertas pelas chuvas, como se pode verificar na foto abaixo.


Aparecia um corregozinho aqui, um riachinho ali, e a Pajero firme e forte. Aliás, foi nesse momento em que nosso grupo batizou nossa viatura, carinhosamente, de "1113". Em homenagem aos grandes e lendários caminhões MB que romperam o Brasil afora, nos anos 60-70, levando as primeiras cargas, onde não havia estradas. Numa das estradas, em PE, vimos um ônibus de uma banda de forró, chamado "Na Tora", expressão bem típica e nordestina para "raçudo". O nosso grupo, então, se auto-intitulou de "1113 na tora" e, a partir dali, daríamos grandes gargalhadas sobre o carro e o grupo.
Chegamos ao último daqueles sitio-povoados, chamado de Riozinho. Lá, mais uma vez, nos deram as informações e confirmaram nosso destino. Teríamos mais uns 80 km pela frente. O problema é que em em alguns trechos levávamos até 1 hora para fazer 10 km, devido às condições da estrada. Logo depois, um momento marcante devido à falta de sinalização nesses fins de mundo. Numa dessas bifurcações continuamos seguindo a trilha da esquerda. Continuávamos seguindo nessa trilha, quando apareceu do nada um "caboclo" numa moto. Ficamos super felizes de encontrar vida humana numa das áreas de menor densidade demográfica do nosso país. Perguntamos se estávamos no sentido correto. O matuto gentilmente disse: "Não senhor. O senhor errou a entrada. Aqui o senhor vai sair no Piauí!" PQP, e agora?! Aí ele, gentilmente, nos tranquilizou: "olha moço, o senhor errou a entrada apenas a uns 800 metros atrás. Vamos lá que eu mostro onde é". Só para dar a volta na estrada com a 1113 não foi fácil, e lá estava ele. Ele desceu da moto, limpou o chão para desenhar o caminho e foi dizendo: "O senhor vai por aqui. Daqui a pouco vai aparecer um "colchete" (porteira pequena), aí o senhor segue. vai passar por uma ponte. Depois vai fazer umas voltas no brejo. Vem outra ponte, mais algumas voltas no brejo. Depois vem a última ponte e o senhor segue direto. Cuidado, na primeira saída, pegue à esquerda, pois se for à direita, vai sair numa subida que nem trator sobe. Nem moto!" Seguimos rigorosamente todas as suas orientações e elas nos levaram certinho ao nosso destino. Isso já era mais de 1/2 dia e sabíamos que ainda tinha "chão" pela frente. Agradecemos demais esse encontro, pois ele foi enviado por Deus. Não que fôssemos nos perder, mas iríamos gastar um tempão para achar o caminho certo. Mais uma vez registro que não corremos risco de ficar a mercê, no mato, pois iríamos sair em algum povoado, cedo ou tarde. Além do mais, em São Felix do Jalapão, tinha gente esperando por nós e pronta a ir nos buscar, caso algo desse errado.








Bem, brejo entra, brejo sai; várias pontes mal-assombradas (ver vídeo) e nada de chegar à subida de uma serra que nos falaram. Sabíamos que esta serra seria a divisa entre os Estados, mas, a essa altura, já eram mais de 15:00 e nada ainda. Numa daquelas curvinhas saindo de um dos brejos, o carro "pisou" na grama molhada de lama e deu uma linda traseirada que foi, modéstia a parte, habilmente controlada pelo piloto que vos escreve. Mas foi um pequeno susto e isso só serviu para animar o grupo. Mais um areal, mais outro corregozinho e, finalmente, chegamos a curva da subida. Meus amigos, que subida era esta!
Por motivos de pura agonia e estresse ninguém tirou foto da dita cuja, pois todos fomos trabalhar. O problema é que a subida era em curva, muito íngreme e tinha chovido bastante; então a enxurrada abriu uma vala no canto esquerdo da trilha. Tracionei o carro e pus em reduzida, o câmbio em L, e parti. Na curva, por não ter bloqueio de diferencial, a roda dianteira esquerda afundava no vazio; a traseira direita levantava, e aí perdíamos a tração. Volta, tenta de novo! Nada. Põe mais pedras! Nada! O pior é que tinha uma chuva-tempestade a caminho, com direito a relâmpagos e trovões e sabíamos que se "aquilo" nos pegasse, não teria condição de subir pois o barro iria virar um sabão! Sendo assim, tome pedras nas valas... Na 6a. tentativa conseguimos fazer o nosso velho 1113 subir, literalmente, "na tora"! Fizemos então uma grande festa, pois foi um trabalho em equipe, onde ninguém ficou com medo ou pondo dificuldades. Todos foram trabalhar e juntos conseguimos superar aquele grande obstáculo. Entramos no carro e só deu tempo de ver o outro paredão íngreme que tínhamos pela frente. Esse, confesso que deu medo, pelos mesmos motivos. A incidência de muita água de chuva causou estragos imensos nessa trilha; mas agora tinha que subir e já eram quase 16:00hs! O pessoal desceu do carro, e eu e a 1113, na tora, subimos de primeira. O carro pulou mais do que tudo, pois quando queria cair nas valas eu puxava pra outro lado e, como estava em 4x4 reduzida e com muito giro no motor, cada caída numa vala era um "coice" pra frente e pra cima, que o carro dava!



CHEGAMOS! Subimos no topo do chapadão e aí veio a recompensa, que vista linda! MARAVILHOSA! Um vista que só quem vai a um lugar como o Jalapão pode merecer. Parecia que estávamos voando, vendo todo o chapadão de cima, a chuva caindo ao lado, e nós já lá em cima do chapadão.




Bem, daí até a cidade de São Félix do Tocantins, foi sopa! Chegando lá, o pessoal já estava nos esperando e já tinham até apostado que iriam ter de nos buscar pois achavam difícil alguém subir naquelas condições, sem um guia, Mas nós somos o Grupo 1113 na tora!!!