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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Saindo de casa rumo ao desconhecido

Partindo de Recife:
Saímos de Recife, no dia 05/02, às 05:00 da manhã, conforme previamente combinado pois, conforme podem ver no nosso roteiro, nossa jornada no 1o. dia seria bem puxada. Infelizmente, nosso grupo foi separado do outro carro (Ranger), pois a turma havia chegado recentemente de outra viagem e existiam complicadores de datas, envolvendo compromissos de trabalho. Bem, fomos nós mesmos sozinhos! Restou apenas a equipe Pajero.

Passamos pela região do Araripe Pernambucano, área que meu pai tinha curiosidade de conhecer, além de todo o fim do Estado de Pernambuco (Salgueiro, Ouricuri e Araripina), ostentando seu desenvolvimento e crescimento, alimentado principalmente pela indústria gesseira, pela construção da ferrovia transnordestina e da obra de transposição do Rio São Francisco.  Adentramos no Piauí, passamos pela formosa cidade de Picos e chegamos a Oieras-PI às 17h15min. Encantou-nos essa cidade, que já foi a 1a. capital do Estado do Piauí. É uma cidade antiga, do final do século 17, bem ao melhor estilo mineiro, com casas com várias janelinhas. Na praça central, temos um amplo espaço, com prédios antigos e uma pequena igreja que tem um curiosidade: ela possui um relógio que veio diretamente da Inglaterra para ser instalado e funciona até hoje.





Dando continuidade à nossa viagem, no dia seguinte, cruzamos o famoso Rio Parnaíba, que faz divisa com os Estados do PI e MA. Vale salientar que em todo o trecho percorrido pelos Estados de PE, PI e MA, as estradas estão em excelente estado de conservação, podemos dizer que estão "um verdadeiro tapete".

Até o final do 2o. dia, quando chegamos a Alto do Parnaíba, realmente nossa viagem foi deslumbrante, com trechos de muito verde e pudemos observar a mudança típica da caatinga do sertão nordestino e o começo do cerrado, típico da região central do Brasil. Registro também que o carro comportava-se como um relógio, seja em termos de consumo, seja em termos de conforto e não apresentou nenhum tipo de anomalia. O consumo médio, rodando no asfalto, girava em torno de 8 a 9 km/l. Nesse dia, chegamos à cidade de Balsas-MA e mudamos o rumo em direção a Alto do Parnaíba-MA, uma cidade onde é típica de "fim-de-linha", pois depois dela não há mais asfalto. Ou se atravessa o rio Parnaíba ou segue-se rumo ao Tocantins para o Jalapão. Era exatamente assim que queríamos fazer! Entretanto, merece destaque o caminho que percorremos de Balsas até Alto do Parnaíba. Trata-se de uma lindo caminho! Muito bonito mesmo. O trecho tem 255 km e passa por uma cidadezinha chamada Tarso Fragoso e depois é que se chega a Alto Parnaíba. A estrada está excelente. A sinalização, entretanto, é que deixa um pouco a desejar, já bem gasta pelo tempo. Depois de Tarso Fragoso, a estrada tem alguns buracos, mas nada que tire a beleza deslumbrante do visual da estrada. Na realidade, é como se fosse uma grande descida, aonde vão aparecendo as formações rochosas bem diferentes, como por exemplo, uma que, de longe, lembra a imagem da Nossa Senhora Aparecida. As rochas mais parecem "canions" com bastante vegetação, aliado a isso, claro, muitos kms de plantação de soja!




 Foi o que fizemos!
Quero também registrar aqui que, apesar de termos ido em um único veículo, não rompemos uma das regras básicas de quem viaja em trilhas ou no mato, que é ir sozinho. Conforme disse anteriormente, havíamos descoberto o Germano e o seu tio, mais conhecido como o "Batata", que hoje posso registrar como uma figura emblemática, típica da região e fundamental par quem quer ir curtindo uma aventura 4x4, pois o mesmo é um grande guia. Havíamos avisado aos mesmos que chegaríamos a cidade de São Félix do Tocantins, na segunda-feira, dia 07/02, e que pretendíamos chegar com as informações que eles nos passaram. Mais adiante estarei relatando com maiores detalhes como contatar os dois.

Aqui, então, começaria nossa grande aventura!


Saímos cedo de Alto Parnaíba, pois não tínhamos muita idéia de quanto tempo levaríamos para percorrer os aproximados 250 km entre as cidades. Apenas nos diziam que era uma estrada "carroçal" e nada mais. Sempre diziam que carros 4x4 passavam por ali sem maiores problemas. E, assim, partimos com essa concepção, como podem perceber no vídeo acima.

Os primeiros 30 km foram bastante divertidos, pois a estrada é "relativamente" movimentada com motos, D-20, e carros pequenos como Uno e similares. Esse pessoal transeunte mora e trabalha em grandes fazendas de soja das redondezas, que nos próximos dias seriam uma das principais vistas nossas em termos de paisagem. É uma quantidade imensa de plantações de soja. As fazendas utilizam as grandes planícies e plantam, junto com outras culturas, como o milho, imensidões de soja que começam nas beiras das estradas.



A nossa estrada segue um pouco acidentada por causa das chuvas que ocorreram recentemente, mas nada que atrapalhe. Nesse caminho encontraríamos alguns sítios com duas ou três casas e pessoas muito disponíveis – como este senhor da foto - para nos dar alguma informação e tirar eventuais duvidas.

 Nosso primeiro contacto com umas dessas aglomerações foi num povoado chamado "Morrinhos", onde pedimos maiores detalhes do roteiro. Lá chegando, uma senhora também muito amável, nos indicou o caminho. O Interessante é que sempre que perguntávamos pela qualidade do caminho eles meio que gaguejavam e diziam: "É..., passa sim... tem passado uns carros desses por aqui". Isso já nos deixava meio apreensivos, mas como as indicações mostravam que estávamos no caminho certo... fomos em frente.
Logo após o povoado de Morrinhos, tomamos a primeira saída, a esquerda da nossa  "estrada" principal, e para nossa surpresa, esta começava a ficar estreita, arenosa e, pior: sem apontar direção alguma. Sabe, um daqueles "desvios" que pegamos, onde existem apenas os rastros dos pneus dos carros. Era exatamente assim, como podem ver nesse vídeo.




Bem, nosso percurso continua e o moral da equipe cada vez mais alto e animado. Também um pouco meio ressabiado. A certa altura, todos nós perguntávamos em silêncio, que diabos estávamos fazendo ali. Mais adiante, chegamos ao segundo sítio-povoado, chamado de Presidência. Mais uma vez, o povo local muito simpático (quando falo do povo local, refiro-me apenas os moradores de duas ou três casas, que compõem esses povoados), repassando as informações que precisávamos e mostrando que estávamos indo na direção certa. O caminho, a esta altura, já estava ficando mais deteriorado, pois cada vez menos veículos passavam por ali. Em alguns trechos havia verdadeiras valas que faziam com que o carro rodasse alguns metros em mais de 35 graus de inclinação. Isto pode ate não ser nada para um trilheiro, mas para nossos aventureiros, já era um pouco assustador.



Até aqui o carro segue maravilhosamente bem. Para minha surpresa, apesar de estar andando com a tração ligada (muito mais por precaução do que por necessidade, afinal estávamos em terreno totalmente novo para nós e a última coisa que eu iria querer, era ficar atolado, ainda mais se eu tinha um danado de um 4x4, então essa era a hora de usar!) o carro estava trabalhando bem frio, abaixo da temperatura normal. Isso porque, quase o tempo todo não passava dos 2 mil RPM. Houve trechos onde improvisamos, pondo galhos de árvores nas valas abertas pelas chuvas, como se pode verificar na foto abaixo.


Aparecia um corregozinho aqui, um riachinho ali, e a Pajero firme e forte. Aliás, foi nesse momento em que nosso grupo batizou nossa viatura, carinhosamente, de "1113". Em homenagem aos grandes e lendários caminhões MB que romperam o Brasil afora, nos anos 60-70, levando as primeiras cargas, onde não havia estradas. Numa das estradas, em PE, vimos um ônibus de uma banda de forró, chamado "Na Tora", expressão bem típica e nordestina para "raçudo". O nosso grupo, então, se auto-intitulou de "1113 na tora" e, a partir dali, daríamos grandes gargalhadas sobre o carro e o grupo.
Chegamos ao último daqueles sitio-povoados, chamado de Riozinho. Lá, mais uma vez, nos deram as informações e confirmaram nosso destino. Teríamos mais uns 80 km pela frente. O problema é que em em alguns trechos levávamos até 1 hora para fazer 10 km, devido às condições da estrada. Logo depois, um momento marcante devido à falta de sinalização nesses fins de mundo. Numa dessas bifurcações continuamos seguindo a trilha da esquerda. Continuávamos seguindo nessa trilha, quando apareceu do nada um "caboclo" numa moto. Ficamos super felizes de encontrar vida humana numa das áreas de menor densidade demográfica do nosso país. Perguntamos se estávamos no sentido correto. O matuto gentilmente disse: "Não senhor. O senhor errou a entrada. Aqui o senhor vai sair no Piauí!" PQP, e agora?! Aí ele, gentilmente, nos tranquilizou: "olha moço, o senhor errou a entrada apenas a uns 800 metros atrás. Vamos lá que eu mostro onde é". Só para dar a volta na estrada com a 1113 não foi fácil, e lá estava ele. Ele desceu da moto, limpou o chão para desenhar o caminho e foi dizendo: "O senhor vai por aqui. Daqui a pouco vai aparecer um "colchete" (porteira pequena), aí o senhor segue. vai passar por uma ponte. Depois vai fazer umas voltas no brejo. Vem outra ponte, mais algumas voltas no brejo. Depois vem a última ponte e o senhor segue direto. Cuidado, na primeira saída, pegue à esquerda, pois se for à direita, vai sair numa subida que nem trator sobe. Nem moto!" Seguimos rigorosamente todas as suas orientações e elas nos levaram certinho ao nosso destino. Isso já era mais de 1/2 dia e sabíamos que ainda tinha "chão" pela frente. Agradecemos demais esse encontro, pois ele foi enviado por Deus. Não que fôssemos nos perder, mas iríamos gastar um tempão para achar o caminho certo. Mais uma vez registro que não corremos risco de ficar a mercê, no mato, pois iríamos sair em algum povoado, cedo ou tarde. Além do mais, em São Felix do Jalapão, tinha gente esperando por nós e pronta a ir nos buscar, caso algo desse errado.








Bem, brejo entra, brejo sai; várias pontes mal-assombradas (ver vídeo) e nada de chegar à subida de uma serra que nos falaram. Sabíamos que esta serra seria a divisa entre os Estados, mas, a essa altura, já eram mais de 15:00 e nada ainda. Numa daquelas curvinhas saindo de um dos brejos, o carro "pisou" na grama molhada de lama e deu uma linda traseirada que foi, modéstia a parte, habilmente controlada pelo piloto que vos escreve. Mas foi um pequeno susto e isso só serviu para animar o grupo. Mais um areal, mais outro corregozinho e, finalmente, chegamos a curva da subida. Meus amigos, que subida era esta!
Por motivos de pura agonia e estresse ninguém tirou foto da dita cuja, pois todos fomos trabalhar. O problema é que a subida era em curva, muito íngreme e tinha chovido bastante; então a enxurrada abriu uma vala no canto esquerdo da trilha. Tracionei o carro e pus em reduzida, o câmbio em L, e parti. Na curva, por não ter bloqueio de diferencial, a roda dianteira esquerda afundava no vazio; a traseira direita levantava, e aí perdíamos a tração. Volta, tenta de novo! Nada. Põe mais pedras! Nada! O pior é que tinha uma chuva-tempestade a caminho, com direito a relâmpagos e trovões e sabíamos que se "aquilo" nos pegasse, não teria condição de subir pois o barro iria virar um sabão! Sendo assim, tome pedras nas valas... Na 6a. tentativa conseguimos fazer o nosso velho 1113 subir, literalmente, "na tora"! Fizemos então uma grande festa, pois foi um trabalho em equipe, onde ninguém ficou com medo ou pondo dificuldades. Todos foram trabalhar e juntos conseguimos superar aquele grande obstáculo. Entramos no carro e só deu tempo de ver o outro paredão íngreme que tínhamos pela frente. Esse, confesso que deu medo, pelos mesmos motivos. A incidência de muita água de chuva causou estragos imensos nessa trilha; mas agora tinha que subir e já eram quase 16:00hs! O pessoal desceu do carro, e eu e a 1113, na tora, subimos de primeira. O carro pulou mais do que tudo, pois quando queria cair nas valas eu puxava pra outro lado e, como estava em 4x4 reduzida e com muito giro no motor, cada caída numa vala era um "coice" pra frente e pra cima, que o carro dava!



CHEGAMOS! Subimos no topo do chapadão e aí veio a recompensa, que vista linda! MARAVILHOSA! Um vista que só quem vai a um lugar como o Jalapão pode merecer. Parecia que estávamos voando, vendo todo o chapadão de cima, a chuva caindo ao lado, e nós já lá em cima do chapadão.




Bem, daí até a cidade de São Félix do Tocantins, foi sopa! Chegando lá, o pessoal já estava nos esperando e já tinham até apostado que iriam ter de nos buscar pois achavam difícil alguém subir naquelas condições, sem um guia, Mas nós somos o Grupo 1113 na tora!!!

2 comentários:

  1. Ola Amigos, bela viagem, estão de parabens, eu estou saindo para colhecer o jalapão maio/2012, estou saindo de Floriópoli-sc, dia 20/05, grande abraço aos amigos, ok

    Erico-Floripa
    www.ericoneves.bolgspot.com

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  2. digo, www.ericoneves.blogspot.com
    retificando site
    abraços erico

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